A extração de quartzito na pedreira, localizada no entorno do Parque da Cachoeira das Andorinhas (PNMA), garantiu a renda de grande parte da comunidade do Morro São Sebastião em Ouro Preto. A atividade foi desenvolvida da década de 1960 até os anos 2000, quando foi embargada e gerou diversas discussões sobre o antagonismo entre os interesses sócio- econômicos e a preservação ambiental.
Hoje, a pedreira está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Cachoeira das Andorinhas e conta com três setores de escalada bem desenvolvidos e reconhecidos mundialmente pelos praticantes deste esporte. O Setor Pedreira está localizado na parte mais elevada da Serra das Camarinhas, bem próximo à nascente do Rio das Velhas, onde a presença da extração de pedras ornamentais é mais marcante. Bem próximo a este setor, existe um sistema de fraturas e diáclases em afloramentos quartzíticos da Formação Moeda, que se desenvolvem preferencialmente segundo a orientação NNW-SSE.
Neste complexo de fendas, os membros da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) cadastraram uma gruta que, até então, era desconhecida pela comunidade local e pelos espeleólogos. A Gruta da Pedreira foi estimada com 100m de desenvolvimento, mas por estar localizada um sistema de tálus e diáclases, fica difícil definir sua real entrada e esse valor pode cair com a produção do seu mapa topográfico. Para esta análise estimada, foram consideradas duas entradas, a primeira dá acesso à gruta por pequeno rastejamento entre blocos, ao lado de uma vegetação densa caracterizada como pertencente à floresta estadual semidecidual. A segunda entrada é uma descida íngreme entre blocos em estágio de intemperismo avançado e solo escorregadio, desta forma fica mais indicado acessar a gruta pela primeira entrada e considerá-la como principal. Na boca principal, temos também feições geomorfológicas de dissolução comuns em rochas siliciclásticas, como tafonis e piping, além de pequenas ocorrências de coraloides.
A necessidade de preservação deste patrimônio material pode ser justificada através de estudos espeleológicos, mas fica evidente quando consideramos que se trata da cabeceira do Rio das Velhas. A caverna também apresenta uma importância biológica significativa para uma grande quantidade de morcegos, que aparentemente usam a cavidade como abrigo e proporcionam grandes acumulações de guano. É de extrema importância para a preservação dessas espécies que estudos de biologia subterrânea sejam realizados nesta gruta.
Texto: Gabriel Amora Basílio
Fotos: Dyana Caroline Ferreira Cardoso