A SEE participa de Excursão Turística no Vale do Ojô, Ouro Preto - MG

Nota Vale do Ojô

Durante o dia 23/09/2023 foi realizada uma excursão turística no Vale do Ojô e outras localidades ouropretanas (Igreja Santa Efigênia, Cruzeiro do Alto da Cruz, Igreja do Padre Faria e Vale do Ojô) pelo coletivo Palma Preta e Guetto Kultural em parceria com a SEE e o coletivo AMEOPOEMA. A excursão foi organizada pelas entidades e teve como objetivo discutir os processos da urbanização ouropretana e os impactos ambientais no Vale do Ojô. A expedição foi realizada com 35 integrantes, sendo 10 monitores e 25 participantes.

O ponto de partida foi em frente à Igreja de Santa Efigênia, no bairro Alto da Cruz, às 10 horas. O grupo foi guiado pelos integrantes do coletivo Palma Preta e do Guetto Kultural até a nossa primeira parada, o Cruzeiro do Alto da Cruz. O local é um mirante localizado no bairro Alto da Cruz, de onde é possível avistar amplamente a cidade de Ouro Preto, assim como os resultados e marcas de ocupação. No mirante, o Eduardo Evangelista, ativista ouropretano, nos contou sobre os fenômenos históricos e culturais que deram origem à cidade de Ouro Preto e a história da sua ocupação, com ênfase nos pontos chave que moldaram o desenvolvimento da cidade.

Nossa segunda parada foi na Capela do Padre Faria, onde Hanster, integrante do coletivo Palma Preta, nos contou sobre a história da capela que é uma das primeiras construções da Vila Rica, tendo grande relevância na história da ocupação ouropretana. A Capela do Padre Faria muitas vezes não é incluída nos circuitos turísticos tradicionais por ser localizado “fora” do centro histórico da cidade. A Capela do Padre Faria está localizada na cabeceira do Vale do Ojô, e de lá seguimos rumo ao vale.

No campo de futebol do Padre Faria, na porção sul do vale, foi feita a distribuição dos EPI’s necessários para o passeio: capacetes, headlamps e luvas de borracha. Alguns de nossos companheiros da SEE já haviam descido para o vale anteriormente, para melhorar o acesso por meio de passarelas e corrimões feitos com corda, de forma a minimizar o contato dos participantes com o esgoto que transpassa o fundo do vale.

Já no interior do vale, os participantes tiveram a oportunidade de conhecerem duas cavernas, a Gruta do Fogão e a Gruta Ponte de Pedra, ambas com enorme potencial turístico e de educação ambiental. Chegando na Gruta do Fogão, caverna em dolomito da Formação Gandarela (Grupo Itabira, SG. Minas), o espeleólogo e estudante de Eng. Geológica Paulo Eduardo, membro da SEE, discorreu sobre os fatores e processos formadores da gruta, apresentado um breve contexto sobre a evolução da paisagem e do terreno. Logo em seguida, nos dirigimos à Gruta da Ponte de Pedra e lá foi possível observar com muita clareza os impactos negativos causados pela falta de saneamento básico que ocorre em Ouro Preto, uma vez que a drenagem que atravessa a gruta é um esgoto, resultando uma concentração altíssima de resíduos sólidos como garrafas pet, isopor, plásticos variados, vasilhames, pneus e detritos diversos. Em grupo, foi realizada a coleta de vários resíduos, representando uma atitude simbólica que demonstra a intenção dos visitantes em recuperar e conservar o Vale do Ojô, para que sua água volte a ser límpida, permitindo que outros visitantes aproveitem ao máximo desse patrimônio.

Saindo da Gruta Ponte de Pedra pela sua entrada superior (montante), nos dirigimos até a pedreira de mármore que atualmente está abandonada. Os participantes puderam observar o mármore dolomítico com manchas rosas chamado de “Ojô”. Quando chegamos, o Sr. Amarildo, um dos inscritos na expedição, pediu a palavra e nos contou que quis participar do passeio para que pudesse ver a pedreira onde seu pai havia trabalhado, fazendo um relato emocionante. Este relato exemplifica perfeitamente como o Vale do Ojô foi e é relevante na história ouropretana, porém, caiu em esquecimento em detrimento de outros pontos históricos da cidade serem “mais atrativos” e devido à má conservação e gestão do patrimônio espeleológico e de seus recursos naturais.

Para finalizar o passeio, foi ofertado um delicioso almoço na inauguração do restaurante da Dona Vânia no bairro do Padre Faria a quem somos todos gratos por proporcionar um importante momento de confraternização e troca de experiências com o grupo, além da comemoração das retomadas de excursão turísticas no Vale do Ojô. Pretendemos, com a retomada das visitas ao vale, conseguir ressignificar a história da cidade e a nossa própria história como cidadãos de Ouro Preto.

 

Participantes SEE: Priscila Gambi, Gulio Pacheco Forato Belga (PedeCana), Abraão Nascimento de Castro, Paulo Eduardo Santos Lima (Tinganei), Celso Pascoal Constâncio Júnior, Rafael Oliveira Silva (Cabeça-Fofa) e Tiago Vilaça Bastos (Fox).

Participantes Coletivo Palma Preta: Hanster Silva, Douglas Silva, Rômulo, Ângelo e Caio.

Participantes inscritos: Rafael Russo de Jorio, Denise Imaculada Teixeira, Alexander Dayvidson, Maria Lúcia Barbosa da Silva, Du Evangelista, Laura Rocha, Francis Veloso Mapa, Daniela Arcanjo Paiola Ferreira, Deborah Etrusco Tavares, Sofia, Rosângela Malta de Assis, Luciano Gomes Arantes, Renata Lima Santiago dos Reis, Martinelly Vieira Martins, Thiago Giachetto de Araújo, Elisa Alves, Gabriela Sánchez Leão de Oliveira Araújo, Luciana Drummond de Carvalho e Amarildo Deusdedit de Jesus.

Texto: Gulio Pacheco Forato Belga (PedeCana), Tiago Vilaça Bastos (Fox), Bruno Diniz (Palkêbrandu) e Priscila Gambi.