A espeleologia (do latim: spelaeum – caverna; logia – estudo) é a ciência que se dedica ao estudo das cavidades naturais subterrâneas – cavernas. Ela utiliza conhecimentos de outras áreas (topografia, geologia, geografia, biologia, ecologia, arqueologia, paleontologia entre outras) afim de entender como foi a evolução das cavernas e do meio ambiente onde estão inseridas. Desta forma, essa ciência busca conhecer e entender as interações que circundam as cavernas, como: sua forma e as condições geológicas existentes, as formas de vida que às habitaram e habitam, o potencial turístico existente, as variações nos climas do passado, o uso sustentável de recursos e a influência que os seres humanos exercem sobre elas.
CAVIDADE NATURAL SUBTERRÂNEA
Popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna ou buraco, a definição de cavidade natural subterrânea segundo o Decreto N. 6.640, de 07/11/2008 é “todo e qualquer espaço subterrâneo acessível pelo ser humano, com ou sem abertura identificada, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que tenham sido formados por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou tipo de rocha encaixante”.
Acervo fotográfico SEE
QUANDO SURGIU A ESPELEOLOGIA
São poucos os estudos ou relatos sobre cavernas até o século 19. As superstições e a falta de equipamentos técnicos colocavam um limite entre o homem e as cavernas. Édouard Alfred Martel é considerado o pai da espeleologia, advogado de formação, começou a dedicar-se ao estudo das cavernas e a tratá-la como ciência. Em 1º de fevereiro de 1895 fundou o primeiro grupo de estudos espeleológicos do mundo, a Société Spéléologique de France (SSF), e escreveu os primeiros livros e trabalhos sobre o tema.
A ESPELEOLOGIA NO BRASIL
Em 1835, o dinamarquês Peter Wilhelm Lund mudou-se para Lagoa Santa e foi o primeiro a produzir descrições científicas detalhadas das cavernas brasileiras. Muito embora o interesse de Lund estivesse sempre voltado para trabalhos com fósseis, o cientista elaborou conceitos originais sobre espeleogênese, formação de salitre, deposição de espeleotemas e cronologia dos sedimentos em grutas. Já em 1842, Lund relata ter visitado mais de 200 cavernas e catalogado mais de 120 espécies fósseis, além de 94 espécies pertencentes à fauna atual. Sua maior descoberta foi um conjunto de ossos humanos em extratos geológicos que também continham fósseis da megafauna extinta e, com isto, derrubou a teoria do Catastrofismo, a qual o próprio Lund era adepto.
A SEE E A ESPELEOLOGIA
Através de publicações lidas na revista francesa La Nature, estudantes da Escola de Minas de Ouro Preto mantiveram contato com o grupo francês Société Spéléologique de France. Após várias correspondências e troca de informações, os estudantes fundaram, em 1937, o primeiro grupo espeleológico das Américas: Sociedade Excursionista e Espeleológica dos alunos da Escola Minas de Ouro Preto (SEE).
Em 1964, Michel Le Bret, engenheiro francês e espeleólogo, organizou o primeiro Congresso Brasileiro de Espeleologia, sob o grande pórtico da Gruta Casa de Pedra, Iporanga - SP. Em 1969, durante o IV Congresso Brasileiro de Espeleologia, em Ouro Preto - MG, foi fundada a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). A década de 70 ficou marcada pelo início de uma profunda transformação nos cenários das grandes cavernas do Brasil, com memoráveis descobertas e explorações em regiões pouco conhecidas, principalmente nos Estados de Goiás e Bahia, além do surgimento de vários grupos espeleológicos brasileiros.
Gruta da Lapinha (1939) - Acervo SEE
Na Constituição Federal de 88, as cavernas passam a pertencer a União. Elaborou-se um Programa Nacional de Proteção as Patrimônio Espeleológico. Nesse mesmo ano ocorreu a realização do I Congresso de Espeleologia da América Latina e do Caribe (I CEALC), realizados em Belo Horizonte - MG. Em 1997 aconteceu a fundação do CECAV- Centro Especializado voltado ao Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas, enquadrado na categoria de Unidade Descentralizada do IBAMA.