VII Campanha de Topografia Espeleológica da Gruta Cavemina e I Expedição do projeto “Cavernas da Cabeceira do Rio das Velhas – Cadastramento, Espeleotopografia e Caracterização”

VII Campanha de Topografia Espeleológica da Gruta Cavemina e I Expedição do projeto  “Cavernas da Cabeceira do Rio das Velhas – Cadastramento, Espeleotopografia e Caracterização”

No dia 02 de dezembro de 2023, a Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) realizou a VII Campanha de Topografia Espeleológica da Gruta Cavemina, localizada no Parque Natural Municipal das Andorinhas (PNMA) - MG. Esta etapa de campo marca também a I Expedição de execução do projeto “Cavernas da Cabeceira do Rio das Velhas – Cadastramento, Espeleotopografia e Caracterização”. Esse projeto é resultado de um Termo de Compensação Espeleológica (TCCE) firmado junto a SEMAD e a Usiminas, o qual contempla o levantamento e a caracterização do patrimônio espeleológico de toda região de cabeceira do Rio das Velhas, onde está inserido o PNMA .

O PNMA é uma importante Unidade de Conservação localizada na malha urbana de Ouro Preto, limítrofe aos bairros Morro São João, Morro Santana, Morro São Cristóvão, Morro da Queimada, Morro São Sebastião, Antônio Dias, Piedade e Taquaral. O Parque foi criado pela Lei Municipal Nº305/68 (posteriormente alterada pela Lei Municipal Nº69/05) na intenção de proteger o principal atrativo do parque, a Cachoeira das Andorinhas. A Cachoeira é formada por nascentes tributárias que compõem o início do Alto Rio das Velhas, um dos principais afluentes da supra-bacia hidrográfica do Rio São Francisco. A bacia do Rio das Velhas possui 27.850 km² de área e abastece 51 municípios de Minas Gerais, sendo a maior fonte para captação de água da região metropolitana de Belo Horizonte.

Inserida no PNMA sob as coordenadas UTM 23K 657552E e 7747732N, a Gruta Cavemina é desenvolvida principalmente em quartzitos da Formação Moeda, Supergrupo Minas, apresentando curso d’água perene, múltiplas entradas e resquícios de atividades minerárias. A gruta foi alvo de exploração mineral em épocas anteriores às leis protecionistas do parque. É possível visualizar os vestígios destas atividades através de canais utilizados para desviar os fluxos d’água, com a intenção de aplicar técnicas de garimpo em busca do ouro. A cavidade está situada a cerca de 15 minutos (a pé) do centro de visitantes e pode ser acessada facilmente por trilha bem demarcada. Entretanto, a caverna não está aberta à visitação, sendo permitidas apenas atividades científicas e educativas mediante autorização do parque.

O mapeamento da gruta foi iniciado em 19 de junho de 2019, seguido de outras cinco campanhas realizadas entre os anos de 2019 e 2020. A topografia foi interrompida em 2020 devido ao período de pandemia da COVID – 19, sendo retomada em dezembro de 2023. Esta última campanha teve o objetivo de topografar o conduto da água (direção S – N) até o salão dos pilares, com o propósito de conectar os novos croquis aos mapas realizados anteriormente. Em etapas de escritório, foram realizados os cálculos espeleométricos de todas as campanhas. Ao total foram topografados mais de 400 metros de desenvolvimento linear, caracterizando a gruta como a maior cavidade do PNMA e uma das maiores em quartzito de Ouro Preto. Ainda não foi possível mensurar o quanto do desenvolvimento da cavidade foi comprometido por atividades minerárias, sendo necessárias avaliações sobre sua gênese natural e artificial.

Por suas dimensões e facilidade de acesso, a cavidade também vem sendo utilizada pela SEE desde 2018 como campo-escola para atividades de nivelamento de topografia espeleológica. O nivelamento propõe alinhar as técnicas topográficas entre os membros da entidade, com a finalidade de formar equipes proficientes e qualificadas. Além do uso científico/educativo, a cavidade pode ser considerada como um potente atrativo geoturístico/espeleoturístico a ser explorado pelo parque, devido às suas características históricas e às possibilidades de interpretação ambiental.

Participantes: Abraão Nascimento, Bruno Diniz (Palkêbranu), Celso Constâncio (Constâncio), Gabriel Xavier (Intercambista), Giulio Pacheco (PedKana), Luís Miguel Rocha e Syro Gusthavo Lacerda (PKP).

Texto: Bruno Diniz (Palkêbranu).

Revisão: Beatriz Pires.