Entre os dias 10 e 16 de março de 2025, a Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) realizou mais uma edição do Curso Introdutório à Espeleologia (CIE), iniciativa voltada para a divulgação científica e a promoção da espeleologia dentro de Ouro Preto e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
A parte teórica aconteceu de 10 a 13 de março, com 11 palestras de temas fundamentais da espeleologia abordando desde a evolução da legislação e proteção do patrimônio espeleológico no Brasil, passando pelas interações ecológicas entre meio físico e biótico do ambiente cavernícola, até as noções básicas necessárias para o mapeamento espeleológica e os cuidados necessários durante incursões subterrâneas. O curso atraiu 29 inscritos, entre estudantes da UFOP, moradores de Ouro Preto e participantes de outras localidades, tanto acadêmicos quanto entusiastas.
A parte prática ocorreu entre 14 e 16 de março, em Pains-MG. Conhecido como a capital nacional do calcário, o município conta com um carste exuberante, repleto de afloramentos calcários imponentes, com lapiás e abismos em seus topos, cavernas repletas de espeleotemas e sistemas hidrológicos complexos no subterrâneo, que abastecem a cidade e seus arredores. Esse cenário não apenas proporciona uma vivência intensa aos participantes, como também reforça a importância da conservação dos ambientes cársticos.
Durante os dias de campo foram visitadas as cavidades Santuário, Zé Brega, Loca do retiro e AX001, onde foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula na prática, reforçando temas como exploração, segurança e mapeamento espeleológico e apresentando conceitos novos com a participação especial de antigos membros da entidade Gabriel Lourenço e Wendy Tanikawa, que apresentaram os materiais e as técnicas utilizadas em suas pesquisas sobre a hidrologia subterrânea do sistema cárstico de Pains, MG. Por fim, foi feita visita ao Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), onde foi possível entender melhor a relevância da região para a história humana.
Além da experiência em campo, o CIE foi marcado por colaborações fundamentais. O apoio dos integrantes do Espeleogrupo Pains (EPA) — Lucão, Coutinho e Lurian — foi essencial para o sucesso da atividade prática, tornando a experiência nas cavernas ainda mais enriquecedora. Também expressamos nosso agradecimento à Mariana Timo, Gabriel Lourenço, Wendy Takinawa e à Escola Estadual Padre José Venâncio, especialmente ao diretor Luis Ricardo Fernandes e à auxiliar de serviços de educação básica Maria Lurdes, que gentilmente cederam o espaço da escola para servir como dormitório e foram solícitos com todas as nossas necessidades, e à equipe do Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco, Simone, Cleusa e Érica, pela receptividade e acolhimento.
Nosso reconhecimento se estende ao pessoal da Padaria Pão Real, que nos recebeu sempre com bom humor e preparou nossos lanches de campo com muito cuidado, assim como aos funcionários do Restaurante e Hamburgueria Cavebeer, que garantiram jantares caprichados ao final dos dias intensos de exploração.
A experiência no CIE vai além do aprendizado técnico. Como destacou Alice Cabral, uma das participantes, segundo ela "Cada desafio valeu muito a pena. Superei muitos medos, fiz amizades incríveis e aprendi coisas que nunca imaginei." e que esse relato seja um chamado para aqueles que tiverem interesse. O Curso Introdutório à Espeleologia acontece semestralmente, trazendo novas oportunidades para quem deseja conhecer mais sobre esse universo profundo que é a espeleologia. Se você tem interesse em participar das próximas edições, acompanhe nossas redes sociais e fique por dentro das novidades.
Texto: João Victor Sousa Dias
Revisão: Leandra Nolasco, Giulio Pacheco
