O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (PARNA Peruaçu) desempenha um papel fundamental nas pesquisas espeleológicas devido a sua riqueza em cavernas e formações rochosas singulares. Além disso, os sítios arqueológicos presentes, com suas pinturas rupestres, são tesouros culturais que revelam muito sobre a humanidade e sua relação com o meio ambiente. Pensando nisso, e fundamentando o caráter espeleológico da Sociedade Excursionista e Espeleológica, nove membros da entidade dispuseram da logística de viagem a Montes Claros para o evento Multiverso Espeleológico para seguir viagem rumo a Januário a fim de uma visita científica ao PARNA Peruaçu.
O grupo chegou ao Parque na noite do dia 2 de junho, após um dia de excursão ao “Peruaçuzinho”, junto ao Multiverso Espeleológico, e foi direcionado ao Centro de Apoio à Pesquisa, o alojamento para pesquisadores do Parque, local onde ficaram até o dia 6 do mesmo mês. Ainda nesta noite, parte do pessoal, que chegou mais cedo na região, pode ir jantar no restaurante da Pousada do Kinka Leão, que além de receber visitantes no seu estabelecimento próximo ao Parque, junto à esposa Dona Ione, também atua como condutor na região e Parque, local onde nasceu.
No dia 3, os condutores Regiane Reis e Hamilton Reis se apresentaram logo pela manhã, eles foram os condutores da SEE nessa excursão. Após conversas nostálgicas sobre o histórico da SEE com no Parque, e a chegada do brigadista do ICMBio Gustavo, que também acompanhou o grupo por toda a expedição, as atividades se iniciaram em direção à Gruta do Janelão. Após percorrer pontos de destaque, foi visitado o setor disfótico da caverna, iniciando a travessia rumo à Ressurgência do Janelão. Esse trajeto não turístico foi percorrido em acordo com a gestão do Parque, a visita teve como objetivo o amadurecimento técnico-científico do grupo de espeleólogos, o registros fotográficos profissionais para serem disponibilizados ao Parque e a análise sobre o trecho de trilha delimitado para abertura do setor disfótico ao público para compor um relatório da atividade de excursão. Durante o percurso, foram feitas observações e questionamentos sobre a trilha seguida tanto entre os membros do grupo, quanto com os guias, que participaram no momento de delimitação da trilha. Além das anotações e registros fotográficos sobre esse manejo, seguiram para o setor afótico. O primeiro dia foi fechado no Restaurante do Kinka e Dona Ione, com uma comida caseira à altura do dia.
No dia 4, o grupo da SEE foi dividido em dois, para viabilizar a visitação à Lapa do Índio e Bonita, visto que essa última possui uma limitação de número de visitantes, a fim de minimizar impactos. Na Lapa Bonita destaca-se o Salão Vermelho, cujo piso é coberto por sedimento fino avermelhado, considerado um dos salões mais bonitos no mundo da espeleologia. Após completarem o circuito, o grupo se uniu novamente para caminhar em direção à Lapa do Boquête, um dos principais locais de estudos arqueológicos da região, onde foram encontrados alguns sepultamentos e estruturas de armazenamento de alimentos. Seguindo adiante, uma trilha foi percorrida até o Arco do André, que apresenta um dos maiores pórticos do país, com mais de 100 metros de altura. No caminho, foi visitado também o Mirante das 3 Torres e o Mirante do Mundo Todo. A trilha no sentido de retorno atravessou a Lapa dos Troncos, sempre beirando o Rio Peruaçu, até chegar à Lapa dos Desenhos, conhecida mundialmente pelas pinturas rupestres que avançam cerca de 5 metros de altura paredão à cima com pictogramas bem definidos, além de escavações arqueológicas.
No penúltimo dia de visita, o grupo visitou a antiga casa do Sr. Silú, Lapa do Caboclo, Lapa do Carlúcio, Centro de Visitantes e Lapa do Rezar. O Silú foi responsável por conservar grande parte do passado do PARNA no passado, mas infelizmente já falecido. Na Lapa do Caboclo está gravado o famoso símbolo do Parque: a garça e os dois erres opostos. A Lapa do Rezar, nome dado devido ao ritual das moradoras locais que subiam a trilha íngreme, atualmente sendo uma escadaria com 500 degraus, carregando uma pedra na cabeça. Elas rezavam dentro da cavidade e jogavam as pedras no rio para pagar pelos seus pecados. Como combinado com Regiane e Hamilton, o dia de visitação foi encerrado um pouco mais cedo do que como andava sendo feito, com o objetivo de seguir para uma confraternização de encerramento com churrasco no Restaurante do Kinka.
No dia 6 pela manhã, cinco dos integrantes pegaram estrada para retornar à Ouro Preto e o restante ficou para mais um dia de excursão às grutas Piolho do Urubu, X,Y,Z. Durante o retorno do segundo grupo, foi visitada uma feira cultural em Montes Claros e feita uma parada à beira do Rio São Francisco.
A Sociedade excursionista e espeleológica (SEE) agradece imensamente à Dayanne Ferreira, gestora do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, pela disponibilidade de alojamento e acordos para as visitações, além do tempo para reuniões e conversas ao longo dos meses que antecederam o evento. À Regiane e Hamilton, pela atenção e empenho, também durante meses, para fazer desta uma experiência inesquecível e repleta de saberes únicos e carinho com a SEE. Ao Kinka Leão e Ione, por nos receber tão bem e tornar as noites ricas à dimensão do dia. Ao Gustavo, brigadista do ICMBio que atua no PARNA e nos acompanhou com muita atenção por todo o trajeto, e a todos os envolvidos para fazer desta uma excursão de grande impacto na vida de todos/as os/as envolvidos/as.
Texto: Gabriela Viana.
Revisão: Beatriz Pires.
Participantes SEE: Beatriz Pires, Celso Constancio (Constancio), Gabriela Viana, Gabriel Lourenço (Bob), João Victor Dias (Broca), Maria Isidora (Zizi), Nícolas Grossi, Paulo Eduardo (Tinganei).