O Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) é uma unidade de conservação de proteção integral criada em 4 de julho de 1973 com objetivo de preservar principalmente a riqueza florística, faunística, hídrica e espeleológica (IEF, 2007). Está localizado no estado de Minas Gerais entre os municípios de Lima Duarte, Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca, a 340 km da capital Belo Horizonte. Segundo Bedim (2016, p. 88) o nome Ibitipoca possui discordâncias quanto seu significado, tendo como possíveis “casas de pedra” e “Serra furada”. Corresponde à uma área com importância espeleológica de interesse internacional, visto que suas inúmeras feições cársticas se desenvolvem em rochas siliciclásticas (quartzito), corroborando para um alto valor turístico e científico à região. O PEIB faz parte do Distrito Espeleológico Ibitipoca, que pertence à Província Espeleológica Quartzítica Andrelândia, proposto por Corrêa-Neto e Dutra (1997).
Pelo que se tem registro o contato da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) com as cavernas de Ibitipoca se inicia no fim da década de 1970 através do projeto “Grutas” em parceria com o Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC). Em meados de 1995 um novo grupo de espeleólogos da SEE realizou uma viagem pontual de alguns dias realizando reconhecimento da Gruta das Bromélias. Quase 20 anos depois, no segundo semestre de 2014, o grupo retorna ao parque para participar de atividades executadas pela Sociedade Carioca de Pesquisas Espeleológicas (SPEC), uma parceria que gera produtos diversos e desperta na SEE o desejo de desenvolver novas pesquisas no PEIB. Foi, então, submetido no ano de 2018 e iniciado em 2019 o projeto “Cadastro e Avaliação dos aspectos espeleoturísticos do Parque Estadual do Ibitipoca” internamente chamado de IBITITUR.
O projeto foi financiado através do Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica (TCCE) n° 02/2018 firmado entre a Anglo American Minério de Ferro do Brasil S.A. e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CECAV/ICMBIO) fruto de impactos negativos irreversíveis a cavidades naturais subterrâneas com grau de relevância alto, ocasionados pelo empreendimento “Extensão da Mina do Sapo” (Processo SEI ICMBio nº 02667.000045/2018-11).
O objetivo principal do IBITITUR foi a caracterização e avaliação do potencial turístico de cavidades selecionadas no PEIB a fim de gerar dados para auxiliar a gestão na elaboração do Plano de Manejo Espeleológico (PME). Contemplou também a atualização do banco de dados do patrimônio espeleológico da unidade de conservação através de atividades de prospecção espeleológica, topografia de cavidades e geoespeleologia.
Encerrado no fim de 2023 contou com 8 campanhas de campo e participação de 27 espeleólogos da SEE, além de diversos amigos e parceiros. Durante as atividades de prospecção foram percorridos cerca de 106 quilômetros, totalizando 64 cavidades cadastradas, destas, 28 foram descobertas ou redescobertas durante o projeto. A topografia espeleológica ocorreu em 18 cavidades, totalizando 5.595,48 metros de projeção horizontal mapeados. Também foi fruto do projeto a caracterização geoespeleológica e hidroquímica das Grutas Martimiano II, Bromélias, Manequinho e Casas, além da comprovação de conexão hídrica entre as grutas Bromélias, Vandinho e Martimiano II, representando o Sistema Bromélias-Martimiano II com aproximadamente 7,5 km de desenvolvimento. A avaliação do potencial turístico foi realizada em 13 grutas, seus resultados auxiliaram nas análises para elaboração do Plano de Manejo Espeleológica do PEIB.
A SEE agradece aos membros que se dedicaram à realização do projeto. Ao professor Paulo de Tarso Amorim Castro do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (DEGEO/UFOP) coordenador geral das atividades. Ao Parque Estadual do Ibitipoca e ao Instituto Estadual de Florestas, principalmente na pessoa de Clarice Lantelme Nascimento pelo suporte e apoio. Aos funcionários do PEIB pela parceria, ajuda e troca de informações acerca das cavernas do Ibitipoca. As ações em torno da espeleologia em Ibitipoca seguem em alta, com desenvolvimento de novas pesquisas, projetos e atividades sequenciadas pela execução deste projeto.
Texto: Vitor Oliveira Martins, outubro de 2024.
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Relatório IBITITUR | 5 MB |